É consequentemente um ponto interessante (o de saber que tipo de planta produz o rizoma (bolbo)); e ao qual eu tive esperança (legítima) de que tu interrogasses esse pormenor. Afinal, o bolbo terá de ter uma planta – é verdade; no entanto, não associo essa planta apenas e necessariamente à divulgação, isso seria redutor e incoerente em relação à perspectiva que eu tentei clarificar.
A planta seria necessariamente o melhoramento do Humano nas suas dimensões morais, práticas e gnosiológicas. Isto é, quem compreender verdadeiramente a Filosofia terá, necessariamente, de ser obrigado a corresponder a essa compreensão. Como defendia Sócrates, nos diálogos de Platão: não é possível saber o que é o bem e não praticá-lo.
Perguntarás: “então, mas essa visão é extremamente utópica; o ser humano nunca conseguirá exercer a total compreensão da Filosofia, e, mesmo que conseguisse, não conseguiria, por várias vicissitudes, corresponder a essa compreensão; como é que então a Filosofia se propõe a ajudar o Humano a conseguir esse objectivo?” É meu entendimento que, é um dever moral de quem trata com esta disciplina mais de perto, de ajudar a retirar os seres humanos das cavernas onde se encontram. No entanto, não alieno o facto de que quase todos os seres humanos, têm a capacidade, quanto mais não seja pelo menos biologicamente, de saírem da caverna sozinhos. Como terminologicamente diria Aristóteles, quase todos têm a potência para passar ao acto. Se assim é, porque é que isso não acontece?
Não acontece porque vivemos neste momento um enquadramento conceptual dualista, teoria/prática, onde a prática tem um relevo muito maior. Esta visão dualista separa ontologicamente a teoria da prática e a prática da teoria, onde nenhuma influencia a outra. É neste sentido, que as pessoas vêm com desconfiança e desprezo a teoria, porque partem do princípio de que ela não influencia a vida prática; no entanto a prática pode mudar a teoria, ou – mais correctamente – existir e desenvolver-se sem teoria.
Mas nós percebemos, e entendemos, o quanto a teoria dita a prática, e entendemos como é que a teoria influencia, mesmo que as pessoas não tenham noção disso, a sua vida e por consequência, a vida da comunidade local e global. É aqui que entra a nossa obrigação de guiar e de tentar desocultar o que está oculto. Para isso precisamos de explanar aquilo que, tanto filósofos anteriores pensaram, tal como aquilo que investigamos. Uma das vertentes dessa explanação é – e como dizes – a divulgação, mas ao contrário, nem todo o tipo de divulgação é bom. Uma das maneiras mais usuais, e de eleição, de divulgação para um filósofo é a escrita, sem dúvida. E sou da opinião de que «um filósofo que escreva uma obra é também um escritor, logo deve ser bom escritor». E por isso acho que tem de saber escrever bem. No entanto, este escrever bem, pouco tem a haver – ou pelo menos não dá primazia – ao problema da estética ou da retórica (como efeito de persuasão).
É verdade que um filósofo, como escritor (e mesmo como pessoa), possui um estilo, e por estilo vou aproveitar uma definição que me parece interessante (embora possa ter falhas) de Zimmermann: «No estilo manifesta-se a identidade que está fundada sobre a unidade e coerência entre ser e a aparência». Através desta definição, percebemos que todos têm um estilo, mas se este estilo não harmonizar o que algo é e aquilo que aparenta ser, então será apenas aparência, id est, frugalidade. Ora, para um filósofo, que faça filosofia no sentido de iluminar (ver Kant e Aufklärung) o que está oculto, ele tem de ter um estilo iluminante. E o que acontece, quando se tenta adjudicar a arte à maneira como escrevem os filósofos, estaremos a centrar o facto, não numa iluminação do conteúdo, mas sim numa “floreação”, desvirtuamento, confusão e enaltecimento da aparência estética, em vez do conteúdo. No meu entender, escrever filosofia não é escrever uma obra literária, embora uma obra literária possa ter (e contém necessariamente) conceitos filosóficos.
Em resposta à tua pergunta: «Será que para se ser bom filósofo tem que se escrever bem?». Respondo: «Claro que sim!»; Tem de saber expor de forma iluminada, clara e coadunante ao conteúdo e a quem ele quer comunicar, o que pretende. Para isso tem de saber gramática, retórica, lógica e argumentação. Todavia, não deve tornar aquilo que escreve numa obra de arte, porque não é disso que se trata quando se quer explicar (divulgar) algo.
P.S.: Terás de esclarecer, também, tanto a mim como para os leitores deste blog, aquilo que pretendes dizer com a palavra “azado”, em relação ao meu estilo.
A planta seria necessariamente o melhoramento do Humano nas suas dimensões morais, práticas e gnosiológicas. Isto é, quem compreender verdadeiramente a Filosofia terá, necessariamente, de ser obrigado a corresponder a essa compreensão. Como defendia Sócrates, nos diálogos de Platão: não é possível saber o que é o bem e não praticá-lo.
Perguntarás: “então, mas essa visão é extremamente utópica; o ser humano nunca conseguirá exercer a total compreensão da Filosofia, e, mesmo que conseguisse, não conseguiria, por várias vicissitudes, corresponder a essa compreensão; como é que então a Filosofia se propõe a ajudar o Humano a conseguir esse objectivo?” É meu entendimento que, é um dever moral de quem trata com esta disciplina mais de perto, de ajudar a retirar os seres humanos das cavernas onde se encontram. No entanto, não alieno o facto de que quase todos os seres humanos, têm a capacidade, quanto mais não seja pelo menos biologicamente, de saírem da caverna sozinhos. Como terminologicamente diria Aristóteles, quase todos têm a potência para passar ao acto. Se assim é, porque é que isso não acontece?
Não acontece porque vivemos neste momento um enquadramento conceptual dualista, teoria/prática, onde a prática tem um relevo muito maior. Esta visão dualista separa ontologicamente a teoria da prática e a prática da teoria, onde nenhuma influencia a outra. É neste sentido, que as pessoas vêm com desconfiança e desprezo a teoria, porque partem do princípio de que ela não influencia a vida prática; no entanto a prática pode mudar a teoria, ou – mais correctamente – existir e desenvolver-se sem teoria.
Mas nós percebemos, e entendemos, o quanto a teoria dita a prática, e entendemos como é que a teoria influencia, mesmo que as pessoas não tenham noção disso, a sua vida e por consequência, a vida da comunidade local e global. É aqui que entra a nossa obrigação de guiar e de tentar desocultar o que está oculto. Para isso precisamos de explanar aquilo que, tanto filósofos anteriores pensaram, tal como aquilo que investigamos. Uma das vertentes dessa explanação é – e como dizes – a divulgação, mas ao contrário, nem todo o tipo de divulgação é bom. Uma das maneiras mais usuais, e de eleição, de divulgação para um filósofo é a escrita, sem dúvida. E sou da opinião de que «um filósofo que escreva uma obra é também um escritor, logo deve ser bom escritor». E por isso acho que tem de saber escrever bem. No entanto, este escrever bem, pouco tem a haver – ou pelo menos não dá primazia – ao problema da estética ou da retórica (como efeito de persuasão).
É verdade que um filósofo, como escritor (e mesmo como pessoa), possui um estilo, e por estilo vou aproveitar uma definição que me parece interessante (embora possa ter falhas) de Zimmermann: «No estilo manifesta-se a identidade que está fundada sobre a unidade e coerência entre ser e a aparência». Através desta definição, percebemos que todos têm um estilo, mas se este estilo não harmonizar o que algo é e aquilo que aparenta ser, então será apenas aparência, id est, frugalidade. Ora, para um filósofo, que faça filosofia no sentido de iluminar (ver Kant e Aufklärung) o que está oculto, ele tem de ter um estilo iluminante. E o que acontece, quando se tenta adjudicar a arte à maneira como escrevem os filósofos, estaremos a centrar o facto, não numa iluminação do conteúdo, mas sim numa “floreação”, desvirtuamento, confusão e enaltecimento da aparência estética, em vez do conteúdo. No meu entender, escrever filosofia não é escrever uma obra literária, embora uma obra literária possa ter (e contém necessariamente) conceitos filosóficos.
Em resposta à tua pergunta: «Será que para se ser bom filósofo tem que se escrever bem?». Respondo: «Claro que sim!»; Tem de saber expor de forma iluminada, clara e coadunante ao conteúdo e a quem ele quer comunicar, o que pretende. Para isso tem de saber gramática, retórica, lógica e argumentação. Todavia, não deve tornar aquilo que escreve numa obra de arte, porque não é disso que se trata quando se quer explicar (divulgar) algo.
P.S.: Terás de esclarecer, também, tanto a mim como para os leitores deste blog, aquilo que pretendes dizer com a palavra “azado”, em relação ao meu estilo.